Mãe quase perde seu filho para as drogas !
Tipo de
Tratamento: Tratamento
de Drogas
Parecia um sonho, ou melhor, um
pesadelo. Quando dei por mim, estava no olho do furacão. Olhei ao
redor, procurei aquele garotinho esperto, inteligente, brilhante e não o
encontrei. Quem encontrei não me pertencia. Não era meu
filho.
E foi assim que com muito
sofrimento assumi a dependência química de meu filho. Eu, que não
imaginava o que era isso, que achava que só acontecia com os outros, que
criticava aqueles que não tomavam conta de seus filhos que usavam drogas, que
não tomavam providências....Agora eu precisava gerenciar uma situação e não
estava absolutamente preparada para ela.
Não sabia o que fazer e enquanto
eu não sabia o que fazer, meu Dependente Químico sabia muito bem. E
como!!! Manipulava-me com uma facilidade.!!! Eu, sofrida, amargurada,
decepcionada, cedia a tudo isso. Ele fortalecido pelo uso, cada vez mais
ditava ordens. Com apenas 14/15 anos já se sentia dono de si, de sua vida
e eu, esperando por um milagre, permanecia estagnada. “Isso passa”, diziam
alguns. E eu me apeguei a essa “verdade”, para não precisar lidar com a
decepção, com a mágoa, com a raiva de ter meu filho escolhido outro
caminho.
E os anos foram passando e a
situação se agravando. Enquanto ele estava cursando o Ensino Médio em uma
boa escola, conseguiu administrar o uso. Quando o Ensino Médio acabou,
ele conseguiu entrar em uma boa faculdade. Achamos que nossos problemas
estariam resolvidos. Pelo contrário. Aí sim é que eles cresceram
avassaladoramente.
Já nessa época eu e meu marido
havíamos procurado uma psiquiatra e ele estava a seus cuidados. A
Faculdade era uma esperança de ele se acertar, de encontrar uma motivação, mas
não foi o que aconteceu. Pelo contrário. O uso se intensificou,
nossa casa foi ficando cada vez mais um inferno, não tínhamos coragem de sair,
procurávamos controlá-lo, mas tudo em vão. Os pais, nessa fase, não
conseguem ter vida própria. Ficam atrás do Dependente Químico como se
fossem uma sombra, na vã esperança que conseguirão controlar seu vício.
Como ele não conseguiu continuar
a faculdade, pois só dormia, ficava prostrado e quando se levantava era para ir
atrás da droga, a psiquiatra indicou acompanhamento de um Acompanhante
Terapêutico, o que de nada adiantou. Surgiu então a temida palavra
“internação”. E ele foi internado, por duas vezes, com tratamentos de 30
dias, mas de nada adiantou. Seu prazo máximo de ficar sem uso era de 30
dias.
Em meio a tantas dificuldades,
passamos a freqüentar o grupo de apoio. O Amor Exigente fez uma
grande diferença, pois lá aprendemos a lidar com a situação, a conhecer
mais sobre dependência química e tudo o que envolve essa situação que destrói
tanto a vida do dependente como a das famílias.
Como se nada funcionasse,
terapia, tratamentos alternativos, Acompanhamento Terapêutico, acompanhamento
psiquiátrico, medicamentos e tudo o mais que alguém sugerisse, resolvemos
internar novamente nosso filho, dessa vez uma internação mais longa, que
propiciasse a ele uma maior consciência de seu problema e que o mantivesse por
mais tempo longe das drogas, para que ele pudesse entender que poderia viver
sem elas.
Assim, chegamos a CT CANTAREIRA,
indicado por um grande amigo.
Ali deixamos nosso filho e
depositamos nossas esperanças que tudo poderia ser diferente. E realmente
foi, pois sentimos que podíamos confiar nas pessoas que lá estavam.
Sentíamos o empenho para que o tratamento surtisse efeito.
E assim meu filho permaneceu
internado. O tempo? Isso para nós não pode contar. Temos que nos
basear somente em seu comportamento, em sua conscientização da doença e de sua
real proposta de mudança.
O CT Cantareira proporcionou ao
meu filho conhecer mais sobre ele mesmo. Entender suas limitações, suas
angústias, suas frustrações. Deu a ele ferramentas para manter a
sobriedade. Permitiu-lhe vislumbrar um amanhã. Voltar a sonhar, a
ter perspectivas de futuro. Isso seria algo inimaginável há 2 anos
atrás.
Hoje, 2 anos e meio após
conhecermos o André, a Flávia, o Fábio e outros terapeutas que fizeram a
diferença na vida de nosso filho, podemos dizer, com certeza, que sua
recuperação deveu-se em grande parte a eles, à dedicação, empenho e
principalmente, por acreditar que ele poderia fazer diferente, que poderia se
transformar, retomar sua vida. Nosso filho está sóbrio há 1 ano.
Hoje, trabalha como terapeuta no CT Cantareira e dedica-se a outros Dependentes
Químicos, que como ele, chegaram lá, sofridos, sem esperança e sem
vontade de continuar a viver.
Hoje temos a confiança que todos
podem vislumbrar um futuro, que as drogas não são o fim, mas sim a
oportunidade de um recomeço, já que o impulso para o uso foi um vazio
existencial muito grande. Para isso é necessário que a estratégia
de abordagem terapêutica seja a mais acertada possível, que o paciente se
envolva no tratamento e que queira abandonar o vício, que a família se
conscientize da doença de seu Dependente Químico e siga as orientações da
Clínica/Grupo de Apoio e Terapeutas e finalmente, que todos busquem com mais
determinação sua espiritualidade.
A você que agora lê esse
depoimento, acredite que vai dar certo. O primeiro passo já foi dado. Você está
buscando ajuda. Sozinhos não conseguimos. Juntos somos
mais fortes.